QUESTÃO DE DNA
Tem-me
magoado muito a esculhambação exibida pela mídia, como reflexo da situação
política que atravessamos, e que já se prolonga demais.
Tem-me
magoado mais ainda que seja esse o espetáculo deprimente que oferecemos aos
jovens. Essa desesperança!
Tem-me
magoado muito que as crianças sejam criadas nesse caldo de cultura, ouvindo as
coisas que ouvimos e dizemos.
Tem-me
magoado muito essa banalização que repete que o Brasil é esse espetáculo de
corrupção desde o descobrimento, a corrupção está em nosso DNA.
Não. Não está, não!
Nós
já falamos aqui, neste mesmo blog, sobre o trabalho feito em Santos, em
benefício dos escravos e da abolição, e encarecemos que TODA a população
trabalhou pela libertação, mesmo as
donas de casa, numa época em que não havia mídias sociais, e donas-de-casa
ficavam em casa, e que decretamos a abolição, entre nós, em 1886.
Agora
descobri dois fatos, ou duas personalidades, que precisam ser conhecidas do
grande público: Alexandre de Gusmão e José Bonifácio de Andrada e Silva.
A
partir de 1743, Alexandre de Gusmão, que fez vida política em Portugal, é
nomeado pelo governo português para o Conselho Ultramarino, depois de ter
organizado o povoamento do Sul brasileiro, com a intenção de estender a
ocupação até o Rio da Prata e de ter mandado para Santa Catarina grandes
contingentes de açorianos . Começa, então, pesquisas nos arquivos da
instituição em busca do todas as evidências documentadas das andanças pelo
sertão de todos os grupos da aliança entre Tupi e portugueses que encontrasse.
A
história é longa, mas ele conseguiu traçar uma linha contínua entre os
territórios ocupados pelos dois grupos, de maneira a estabelecer um “mapa” e a
partir desse “mapa” negociar e fixar a posse portuguesa sobre o território ali estabelecido.
Pois
bem, José Bonifácio de Andrada e Silva, após retornar ao Brasil, nomeado
ministro por D.. Pedro em janeiro de 1822, “apresenta um plano ousado para unir
a sociedade formada a partir da aliança entre Tupi e portugueses, manter o
território reconhecido juridicamente do Brasil desde a ação de Alexandre de
Gusmão – e fundar sobre essa base uma Nação” (Jorge Caldeira, “101 Brasileiros
que fizeram História”, Ed, Estação Brasil. 1ª. Edição, pág. 101).
Pergunta:
você vê nesses dois fatos, nessas duas atitudes, algum sinal dessa corrupção em nosso DNA ? Você vê, nas
atitudes desses dois homens, o “patriotismo” que nos tem sido imposto de alguns
anos a esta parte? Pois bem, os dois, nascidos nesta modesta Santos, um em fins
de 1600, outro em meados de 1700, foram educados na Europa, ambos desenvolveram
vida política em Portugal; o primeiro trabalhou pensando no Brasil como
Colônia, mas o segundo, tendo exercido cargos no governo português, idealizou
construir UMA NAÇÃO no Brasil, que culminou, poucos meses depois, com a nossa independência, a partir
de seu trabalho político e intencional, harmonizando inclusive o Regente,
depois Imperador, com os republicanos da época!
Você
precisa conhecer essa história! Os jovens precisam conhecer essa história e
esses homens!
Vou
publicar aqui a íntegra do texto do Jorge Caldeira sobre eles, porque é muito
enriquecedor. Precisamos nos alimentar dessas notícias, ainda que passadas.
Precisamos trazê-las – não são só os meus netos que precisam conhecê-las,
milhões de brasileiros precisam tomar alento com elas!
Se
você não quiser ler, lamentarei, mas vou publicar.