quinta-feira, 15 de junho de 2017


QUESTÃO DE DNA

Tem-me magoado muito a esculhambação exibida pela mídia, como reflexo da situação política que atravessamos, e que já se prolonga demais.
Tem-me magoado mais ainda que seja esse o espetáculo deprimente que oferecemos aos jovens. Essa desesperança!
Tem-me magoado muito que as crianças sejam criadas nesse caldo de cultura, ouvindo as coisas que ouvimos e dizemos.
Tem-me magoado muito essa banalização que repete que o Brasil é esse espetáculo de corrupção desde o descobrimento, a corrupção está em nosso DNA.

Não. Não está, não!

Nós já falamos aqui, neste mesmo blog, sobre o trabalho feito em Santos, em benefício dos escravos e da abolição, e encarecemos que TODA a população trabalhou pela libertação, mesmo  as donas de casa, numa época em que não havia mídias sociais, e donas-de-casa ficavam em casa, e que decretamos a abolição, entre nós, em 1886.

Agora descobri dois fatos, ou duas personalidades, que precisam ser conhecidas do grande público: Alexandre de Gusmão e José Bonifácio de Andrada e Silva.

A partir de 1743, Alexandre de Gusmão, que fez vida política em Portugal, é nomeado pelo governo português para o Conselho Ultramarino, depois de ter organizado o povoamento do Sul brasileiro, com a intenção de estender a ocupação até o Rio da Prata e de ter mandado para Santa Catarina grandes contingentes de açorianos . Começa, então, pesquisas nos arquivos da instituição em busca do todas as evidências documentadas das andanças pelo sertão de todos os grupos da aliança entre Tupi e portugueses que encontrasse.
A história é longa, mas ele conseguiu traçar uma linha contínua entre os territórios ocupados pelos dois grupos, de maneira a estabelecer um “mapa” e a partir desse “mapa” negociar e fixar a posse portuguesa sobre o território ali estabelecido.

Pois bem, José Bonifácio de Andrada e Silva, após retornar ao Brasil, nomeado ministro por D.. Pedro em janeiro de 1822, “apresenta um plano ousado para unir a sociedade formada a partir da aliança entre Tupi e portugueses, manter o território reconhecido juridicamente do Brasil desde a ação de Alexandre de Gusmão – e fundar sobre essa base uma Nação” (Jorge Caldeira, “101 Brasileiros que fizeram História”, Ed, Estação Brasil. 1ª. Edição, pág. 101).

Pergunta: você vê nesses dois fatos, nessas duas atitudes, algum sinal dessa corrupção em nosso DNA? Você vê, nas atitudes desses dois homens, o “patriotismo” que nos tem sido imposto de alguns anos a esta parte? Pois bem, os dois, nascidos nesta modesta Santos, um em fins de 1600, outro em meados de 1700, foram educados na Europa, ambos desenvolveram vida política em Portugal; o primeiro trabalhou pensando no Brasil como Colônia, mas o segundo, tendo exercido cargos no governo português, idealizou construir UMA NAÇÃO no Brasil, que culminou, poucos meses  depois, com a nossa independência, a partir de seu trabalho político e intencional, harmonizando inclusive o Regente, depois Imperador, com os republicanos da época!

Você precisa conhecer essa história! Os jovens precisam conhecer essa história e esses homens!

Vou publicar aqui a íntegra do texto do Jorge Caldeira sobre eles, porque é muito enriquecedor. Precisamos nos alimentar dessas notícias, ainda que passadas. Precisamos trazê-las – não são só os meus netos que precisam conhecê-las, milhões de brasileiros precisam tomar alento com elas!

Se você não quiser ler, lamentarei, mas vou publicar.


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