ROCK CONSPIRACY
Se preciso, ele até que se sentava de frente para a
mesa.
Do contrário, estendia-se paralelamente à sua
lateral, apoiando o quadril na beirada da cadeira, o cotovelo no tampo e, na
mão correspondente, descansava o rosto; não raro, desmanchava o próprio cabelo,
junto à testa, ou junto à nuca. Se o assunto o interessava, firmava-se na
cadeira, sob a qual cruzava os tornozelos e espetava no interlocutor um par de
olhos de falcão, baixava o nariz como se fosse mergulhar num vôo arrasador e contraía
a garganta; ao mesmo tempo, franzia o sobrolho e alteava as sobrancelhas; finda
a fala, costumava levantar a cabeça, girando-a lateralmente uns quinze, vinte
graus, e relancear o ambiente numa mirada sobranceira. Daí voltava ao
interlocutor, ao mesmo tempo em que buscava diante de si algum objeto para
ocupar as mãos.
Esse, o Rodrigo Ferraz.
Depois de longo e tenebroso inverno, eis que o
encontro, seis anos mais velho (o que não é nada, nem representa nada), porém
quase austero, principalmente considerando-se o ambiente: o espaço Black Jaw,
no Mendes Convention, ali na Av. Francisco Glicério. Empunhava um baixo e
honrava sua posição.
Fiquei bem contente de encontrar seu convite, via
e-mail, quando acabava de voltar de Niterói, onde fora visitar minha linda
filha e sua não menos linda família.
Pensei então na oportunidade de rever não só aquele
amigo, cujas qualidades musicais desconhecia, como também toda a turma
normalmente entusiasmada de Mongaguá, cidade que encanta pela simplicidade nas
relações sociais.
Ah, que bom, quantos colegas, ex-alunos, pessoas
queridas cuja convivência perdi, tão logo parei de ministrar aulas!
Surpresa: de Mongaguá, só vi um ex-aluno, simpático
e agradável como todos. Cibele Schmidtke, cadê? Regina Célia, moradora de Praia
Grande? Diego Néri, Ermógenes Palácio e todo o grupo ligado à música, ligado à
escola, ligado ao Rodrigo? Onde se enfiou todo mundo?
Ao fim do espetáculo, Rodrigo e o vocalista, Vinny
Serra, agradeceram a acolhida de nossa cidade, chamando-a “nossa metrópole”
(deles, olha que elegância), e lembrei daquele aluno “filho do prof. Chico”,
que adorava a Livraria Martins Fontes! Esse pessoal de Mongaguá me fez rever
meus conceitos sobre Santos, e observar tantos pequenos encantos e confortos de
que não costumamos nos dar conta.
E que qualidade, que personalidade tem a banda! No
sábado, dia 8, cheguei a ver o grupo do Chay Suede na TV e juro, têm que comer
muita papinha Nestlé até chegar à categoria, ao som, ao encanto da Rock
Conspiracy! Como diria o Leão Vidal Sion, “é nóis!”
Mesmo sem ver a turma, conforme esperava, fui bem
feliz, com o espetáculo.
A vida nos dá tantas oportunidades de sermos
felizes, ainda que tenha custado horas, e anos, de ensaio, tanta concentração,
tanta vida investida ali, não por mim, não por você, mas por um grupo de
rapazes, homens, cuja alegria é ver alegria em nossos olhos, em nossa reação.
Por tudo que entregaram, pela honestidade do
trabalho, pela autenticidade e pela intensidade, espero-os de volta.
Não se demorem!
Ray esteve aqui
ResponderExcluirPalhacinha! Não fêz mais que a obrigação!
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